11/30/2006

 

Bizarre Love Triangle Pt. 2/?

Já passava de duas horas da manhã agora naquele bar escuro no centro da cidade. Ainda tinha muita gente e todos na minha mesa estavam no auge da bebedeira. Eu não conhecia quase ninguém. Somente o Túlio e mais dois colegas que estudaram comigo no meu ultimo ano no colégio. Eu já tinha decidido encher a cara como nunca antes por vários motivos. Minha vida não estava lá muito boa, trabalho lotado de filho da puta doido pra foder os outros por qualquer buraco. Sabia que não ia durar muito mais tempo ali dentro. Faculdade já estava na minha terceira tentativa, e também já estava claro que não ia ter futuro. Só esperando levando o semestre com a barriga e me preparando pro sapo que ia ter que ouvir do meu pai que tava bancando no final. E mulheres. Sempre foram as grandes tristezas na minha vida. A contínua falta delas para ser mais exato. Eu até que estava me virando bem com minha mão e com profissionais, mas puta merda. Só chegar esse meu grande amigo fodido, que por mais na merda que eu estivesse, eu sempre tinha um consolo sabendo ele estaria pior. Grande filho da puta eu era. Estava recebendo o troco e sabia disso. Mas como eu preferia simplesmente não ter sabido disso tudo e continuar vivendo minha miserável vida em aparente felicidade. Agora eu só queria me afogar naqueles copos. Esquecer de todos fracassos de minha curta vida.

Olhei para o relógio acho que vi 02:40. Já não fazia mais idéia do quanto havia bebido. E bom, minha vida agora parecia mais amena. Meus problemas não tinham tanta importância assim, afinal. Dei uma risada sozinho ao pensar isso. Um riso sincero e solitário. Interrompido por ela...
- PRHHSSHAHAHAHA ta rindo de que Beto?? Acho que você já bebeu demais heim?! - Disse Rafaela e parou pra secar a mesa do spray de álcool que acabara de sair de sua boca.- Hihihi foi mal, mas é que sua cara tava muito engraçada, e o Túlio disse que você não era de beber. Bebeu mais que todo mundo com certeza.
- Eu nem bebi muito. To sóbrio ainda - Eu falei e dei um sorriso bobo - Eu só bebo pra dar aquela tonteirinha sabe?!
- Sei sei... - Deu um sorriso e ficou me olhando como se tentasse descobrir algo.
Mas também era um olhar debochado e pesado. Um olhar que me dizia que sabia algo que eu pensava que só eu sabia. Bom, eu não sei explicar. E aquilo foi ficando desconfortável a cada segundo que passava, e num segundo momento aquele olhar me transmitia um erotismo muito forte. Foi aí que eu olhei para Túlio com receio de que ele percebesse, mas ele estava em outra conversa com o resto da mesa. Algo sobre algum professor tarado. Quando me voltei pra ela novamente e ela me lançou um último olhar divertido antes de começar a beber novamente e se juntar a conversa principal da mesa.

Olhei para o relógio novamente e já eram quase 4:00. No inicio eu estava perdido no meio da conversa entre os amigos, mas nada que o tempo e a cachaça nao desse um jeito. A noite havia sido boa mas já estava no clima de fim. Eu estava satisfeito por ter reencontrado um grande amigo e por ter feito algumas novas amizades também. Já começava a acreditar, afinal, que aqueles olhares da Rafaela que me deixaram sem jeito tinham sido mal interpretados pela minha mente embriagada. 4:30 e Túlio resolve ir embora. Eu também estava cansado. Fomos.
Eu, Túlio e Rafaela conversamos e rimos muito durante o caminho até que chegamos no meu prédio e eu desci. Me despedi de Túlio e depois de Rafaela. Mas quando chego na portaria, ela também desceu do carro. Eu fiquei olhando achando que eu devia ter esquecido algo e ela ia me entregar, sei lá. Mas ela vai até a janela de motorista como se fosse se despedir de Túlio. Fiquei olhando sem entender de dentro da portaria até eles começarem uma breve discussão. Pelo menos parecia uma discussão. Um minuto depois ele sai cantando os pneus e ela anda a passos largos em direção ao meu prédio e entra na portaria. Eu finjo estar olhando correspondência e depois surpresa (muito mal) quando ela vem na minha direção.
- Rafaela! O que houve? Ta fazendo o que aqui? - Tentei disfarçar o nervosismo
- Caramba Beto. Você realmente não sabe? Eu moro aqui, ô mané. - Ela falou e a raiva no seu rosto evaporou num belo sorriso acompanhado de um pedala na minha nuca.
- Sério? Eu acho que nunca te vi por aqui. Você mora em que andar?
- Ah, fala sério. Eu te vejo quase toda semana. Inclusive já dividimos o elevador algumas vezes. - Ela disse enquanto apertava o botão do elevador. - Eu moro no Sétimo. E você no nono.
- Sim, sim hehehe. Me desculpa. Eu sou meio desligado. Mas agora que você falou, eu to achando seu rosto familiar - Eu menti e dei um sorriso um pouco mais tranqüilo.
Subimos no elevador juntos em silêncio. Ela parecia distante e pensativa, e eu cada vez com mais vontade de esquecer tudo e agarra-la ali mesmo. O elevador para num tranco leve. Sétimo andar. Ela abre a porta e sai em direção ao corredor distraída sem falar nada. Mas ela da a volta como se tivesse voltado a si:
- Boa noite Roberto - Ela diz me abraçando.
Eu mais uma vez tinha sido pego de surpresa. Mas era como se ela tivesse total controle sobre mim. Eu queria abraça-la mais forte e beijar a sua boca, mas com a mesma desenvoltura que ela veio ela foi.
- Boa noite Rafaela. Agente se fala.

Continua...

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