11/30/2006

 

Bizarre Love Triangle Pt. 3/?

Nono andar. Fiquei parado no elevador. Eu sabia que não podia simplesmente voltar pra casa como eu sempre fiz. Dessa vez eu precisava me arrepender de algo que eu tinha feito. Foda-se aquele fresco do Túlio. Ele não merecia mesmo estar com ela. Bicha dos infernos. Eu não me esqueci o quão viado ele fora quando criança. Vários pensamentos de encorajamento passaram pela minha cabeça. Eu tinha que tê-la. HOJE. E não seria minha consciência que iria me impedir.
Apertei o botão do sétimo andar. Estava nervoso mas decidido. Tinha que aproveitar o efeito do álcool. Chegando no andar dela, abri a porta e fui para o lado que ela fora quando saiu. Eram quatro apartamentos por andar, e dois naquele lado. Como não vi qual era o dela, arrisquei o 703. Abriu uma senhora que aparentava cerca de 30 ou 35 anos. Apesar de nunca ter gostado de mulheres tão mais velhas, achei essa em especial muito bonita. Mas o que me chamou mais a atenção nela foi o seu jeito. Exalava sensualidade e certa indolência. Ela vestia uma camisola azul clara um pouco transparente que terminava abruptamente pouco abaixo do quadril. Assim como Rafaela, era bem branca e cabelos negros lisos só que mais curtos do que os dela. "Deve ser a mãe dela" eu pensei. Era difícil, mas eu tentei me focar no meu objetivo.
- Poxa! Devo ter te acordado. Me desculpa. É que sou amigo da sua filha.
- Não tem problema - disse ela dando um sorriso divertido. - Eu estava acordada. Mas você não parece ter idade para ser amigo da minha filha. - Completa e desata a rir em seguida.
Fiquei sem entender, e ela entendendo minha confusão, se explica:
- É que minha filha tem só cinco anos. Você deve estar procurando a garota minha vizinha. Vi vocês chegando juntos. Eu pareço assim tão velha para ter uma filha daquele tamanho?
- O que isso. É que eu achei as duas muito parecidas. Devia ter perguntado se era sua irmã primeiro, mas ia parecer aquelas cantadas toscas. Podia acabar pegando mal - Ri. E fiquei feliz quando ela riu também. - Err... Pelo menos eu não te acordei.
- Normalmente eu não fico até tão tarde acordada, mas fiquei esperando um filho da puta que me deu um bolo.
- Nossa, tem que ser mesmo muito otário mesmo pra te deixar esperando. Bom, agente se fala. Tenho que ir senão ela acaba dormindo.
- Ta bom então. Bom te conhecer, heim. Vê se toma cuidado com o namorado dela. - Falou enquanto fechava a porta e dava aquele riso divertido que me deixava feliz.
Quando ela fechou a porta eu percebi que não havia perguntado seu nome. Gostei dela. Não é facil pra mim ficar a vontade ao conversar com uma mulher, mas conversando com ela, parecia que nos conhecíamos.
Afastei-a de meus pensamentos e toquei a campanhia do 704. Demorou um pouco, mas alguém veio. Primeiro foi a sombra no olho mágico(sorri). Em seguida a porta abre. Era ela vestindo uma camisa grande do Lanterna Verde. "Do Túlio" eu pensei. Mas nao tem problema. Nela ficava perfeita. Seus cabelos estavam molhados e ela os secava com uma toalha.
- Oi Beto. O que houve?
- Rafaela, eu esqueci uma coisa.
- Como assim? Acho que não tem nada seu aqui. - Ela disse e olhou em cima de uma bancada perto da porta.
Antes de ela se virar, eu a abracei pela cintura com uma mão e com a outra segurei sua nuca. Ela olhou pra mim assustada. Nossas faces estavam muito próximas. Ela deixou a toalha cair e pôs as mãos sobre meu peito fazendo uma fraca pressão. Eu sabia que ela só estava esperando meu próximo passo. Pela primeira vez eu a vi com aquele olhar. Ela, que tinha um olhar forte e desafiador. Difícil até de se encarar, agora me olhava assustada e frágil. Devagar fui aproximando minha boca da dela. Ela fecha os olhos e eu a beijo devagar mas decididamente. No início ela nada faz, mas depois ela responde me beijando também.
Foi intenso mas foi rápido. Momentos depois eu estava sentado no chão com a mão na testa e a Rafaela estava esbravejando:
- Você tá maluco moleque? Eu tô namorando seu amigo e am... gosto muito dele. O que deu em você, heim?
Me levantei sem responder e sem olhar pra ela. O soco me deixára sóbrio novamente, e a vergonha tomava conta de mim.
- Você parecia diferente. Parecia ser gente boa. Túlio falava muito bem de você. Como você pôde fazer isso com ele?
Eu iria embora sem responder, mas quando ela mencionou o nome dele, meu sangue ferveu. Eu o odiava agora:
- Foda-se o Túlio.- Gritei - Eu fiz o que fiz pois não aguentava mais... Me desculpa
Eu não tinha muito o que dizer. Eu não estava exatamente arrependido, mas não queria ter feito nada contra a vontade dela. Me virei para ir ainda ser olhar nos olhos dela, mas antes de chegar na escada ela me segura pelo braço. Feliz, eu me virei de novo para ela. Ela ainda segurava meu braço mas seus olhos fitavam o chão. Lágrimas escorriam pela sua face:
- Por quê você fez isso comigo?

Continua...

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